sábado, 26 de março de 2011

Precisa-se de empresário com experiência.

O mercado de trabalho nos sufoca exigindo cada vez mais qualificação e experiência. Graduação e inglês já não são diferenciais. Mas e do outro lado? Será que não temos o direito de exigir o mesmo de nossos “líderes”?
Sou profissional de vendas há 14 anos no segmento de idiomas e gosto do que faço, mas o amadorismo empresarial me mata.
Trabalho trabalhava numa escola na região de Pinheiros no período da tarde e noite e semana passada visitei um restaurante. Fiz contato com o responsável, marquei reunião, apresentei proposta, negociei, demonstrei o curso e cadastrei interessados.
Depois de 3 semanas, numa sexta feira chuvosa, fechei negócio com 6 colaboradores e voltei pra escola feliz pq sei que uma negociação corporativa leva de 3 a 12 meses para fechar (isso quando se fecha).
A chefe além de feliz ficou aliviada porque a turma tinha apenas uma aluna o que causaria prejuízo ou o cancelamento das aulas. Um representante da matriz estava presente e fui elogiado pelo feito com tapinhas nas costas e sorrisos largos.
Sábado saí de casa às 5h, cheguei às 8h (ééééé são 2 horas pra chegar lá) pra registrar as matrículas no sistema e gerar os boletos e entregar aos alunos, mas tive de aguardar autorização da chefe que só chegou às 11h dizendo faria uma reunião sobre as tais matrículas.
Às 13h, fim do meu expediente, nos reunimos. Pra minha surpresa ela disse que minhas matrículas seriam divididas com a Jéssica (nome fictício para a outra vendedora).
Indignado eu disse: Ahhh? Quê? Não entendi! Pode repetir???
É, Edu, suas matrículas de ontem serão divididas porque aquelas feitas na Gama (nome fictício para empresa) mês passado foram divididas e você recebeu duas.
Não, chefe. Recebi apenas uma porque a outra eu já tinha negociado antes de você fechar o negócio com eles e eu deixei claro, na época, que discordava dessa divisão, pois se a Jéssica fez o trabalho nada mais justo ELA receber tudo sozinha, mas a divisão foi feita porque foi você quem fechou o negócio e você é neutra, por isso você decidiu dividir com todos, lembra?
- É, mas aqui nós dividimos tudo. (disse a chefe com um ar desconcertado)
- Ta Eduardo você vai me dizer que se eu fizer 300 matrículas numa empresa você não vai querer dividi-las? (falou a Jéssica com sorriso desconfiado)
- Não. (respondi com firmeza e continuei) Se você trabalhou sozinha, não há o que dividir, não quero e nem preciso do resultado dos outros, pois tenho experiência e competência pra gerar MEUS resultados. E virando pra chefe eu disse:
- Chefe, não está certa essa divisão, EU realizei o trabalho sozinho e todo vendedor planeja seus ganhos para alcançar objetivos pessoais e eu pagaria minha carta de motorista com essas vendas.
Depois de 4 horas de reunião ela diz que analisará tudo para uma decisão justa na 2ª feira.
Já eram 16:30 e todos foram embora e eu ainda tinha de lançar as matrículas no sistema. Lancei, gerei os boletos e fui ao restaurante entregá-los conforme prometido. Cheguei em casa às 20h e passei um fim de semana horrível.
Na segunda vi um recado no out look: reunião às 14h.
Eram 15h e nada de reunião ainda, quando a chefe me diz que não faria a tal reunião porque a Jéssica teria de sair. Pensei: “palhaçada covarde”.
Lá pelas 18h com a Jéssica já indo embora a chefe se aproxima da recepção onde eu estava e diz:
- Bom, só pra finalizar o assunto de sábado. As matrículas vão ser divididas SIM. (imaginem minha cara)
- Ok, chefe! Continuo discordando, mas a decisão é sua e respeito. E ela com cara de “não sei o que fazer” me disse com a voz trêmula.
- Mmmm, são 3 matrículas pra você e 3 pra ela.
Pensei: “já que o joguinho mesquinho e ridículo é esse, vamos jogar” e questionei.
- Não ta certo eu receber 2 matrículas e dar 3.
- Ok! disse a chefe virando-se para a Jéssica e perguntando.
 - Jéssica, você pode CEDER uma matrícula para o Edu, assim fica tudo igual.
Nessa hora o tempo parou na minha cabeça e pensei: “CEDER? Ela vai CEDER pra mim uma matrícula que EU fiz? É humilhação D+...Uma chefe fraca, uma vendedora sanguessuga. #quequetoufazenuaki?”
Só então o tempo voltou a correr quando ouvi a piranha caridosa Jéssica dizer: Ta bom vai, dou uma matrícula pra ele.
Atordoado, acenei com a cabeça concordando, já que contra-argumentar não adiantava mais.
Aquilo martelava na minha cabeça a ponto de doer literalmente (e olha que não sofro desse mal).
Dia seguinte não fui trabalhar, não liguei nem atendi recados pensando no que fazer: pedir demissão ou não?
Voltei na quarta feira decidido. Chamei a chefe e anunciei minha demissão justificando cada ponto e mais uma vez ela me surpreendeu dizendo espantada.
- Acho sua decisão prematura e eu não pensava fazer isso agora (demitir) só mais pra frente, você não pode desistir assim fácil das coisas, tem de insistir, tentar me convencer uma, duas, três vezes até conseguir. Pensei: “foi a melhor decisão que tomei. Ela me ferra, procura substituto e me chuta. #vápraputaquipariu”.
Ouvi, disse amém, dei as costas e fui embora.
Sinceramente ando meio frustrado com minha carreira, sou formado em marketing e só encontro empresário amador. Um bando de riquinhos que brincam de ser empresário.
Isso só reforça uma coisa: que tenho de acelerar o desenvolvimento da minha própria escola. Só me falta grana.

6 comentários:

  1. Acho que o melhor que vc fez foi isso mesmo. De qualquer forma, a melhor maneira ainda era procurar alguma coisa antes de pedir as contas. Se vc consegue se virar rápido, tudo bem. Mas demora-se muito tempo pra conseguir alguma coisa boa e que pague moderadamente bem. De qualquer forma, se vc pensou e achou que essa foi a melhor solução, foi o melhor. Agora é correr atrás das próximas.

    Kisu!

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  2. Sabe, antes de estar nesse escritório, eu trabalhava em outro onde cada um tinha seus clientes e recebia pelo trabalho executado. Isso gerava uma divisão e competição entre os advogados. A guerra de egos era tremenda!
    Quantas vezes eu vi um erro e não podia fazer nada porque era um processo do outro advogado. OU então, precisava de ajuda com os meus e ninguém ajudava porque eram meus e eu precisava dar conta....
    Mas isso era um escritório de advocacia, com uma dinâmica diferente. Não sei como é na sua área. Só sei que a falta de amizade, de companheirismo, o excesso de individualismo estimulavam o puxa-saquismo como forma de obter vantagens do chefe e um ambiente super hostil. Para ter o domínio dos advogados, o chefe os mantinha em guerra a ponto de falar mal de um para o outro.

    Hoje estou em um lugar onde o trabalho, as audiencias e tudo mais é dividico irmamente. Ninguém ganha mais ou menos do que o outro. Ainda que eu faça mais audiencias ou atenda clientes mais chatos, vou receber que nem o meu colega. Em contrapartida, se um dia eu precisar faltar ou estiver com problemas, ele vai fazer o serviço que seria meu na certeza de que a recíproca seria verdadeira. Até o dono do escritório já foi fazer o meu serviço para que eu pudesse cuidar dos meus problemas. Sinto-me em família e com um sentimento de eterna gratidão e satisfação!

    No seu caso, você já vinha reclamando de insatisfação a algum tempo. Deixou chegar ao ponto de pedir as contas sem ao menos se planejar pra isso. Creio eu neh...
    Não sei como ficará a sua situação, mas te desejo boa sorte e quem sabe vc se sente mais motivado a fazer de uma vez por todas aquilo que sempre sonhou pra sua vida!
    Mais do que vc, é a empresa que não estava preparada para perder um bom profissional. Tenho certeza que encontrar e treinar alguém como vc levará tempo. Quem sabe dessa forma, eles passam a valorizar o que tinham.
    Beijo grande e assim que começar a perceber que algo vai mal, não deixe chegar a uma crise total. Faça como a bah falou, comece a procurar outra coisa, se planeje e saia bem, numa situação mais confortável.
    =***

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  3. Caralho, que povinho... Nem consigo verbalizar. ¬¬

    Toda a sorte do muuundo na busca por um novo emprego e mais ainda para a criação da sua escola. Tenha fé!

    ;**

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  4. Meninas, obrigado pelos comentários.
    Olívia vc tem razão ao dizer que eu deveria procurar algo antes como a Bah aconselhou, mas os "inconvenientes" anteriores eram aceitáveis, a final nenhuma empresa é como gostaríamos, né? rsrsr.
    A atitude da minha ex-chefe foi uma porrada na minha nuca e por isso decidi demitir-me.
    Ah! Equipes comerciais se ajudam em nome da equipe, mas nenhum resultado é dividido...Esse apoio acontece por camaradagem.

    Bjs a todas,

    Duh

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  5. Independentemente de dividir ganhos ser certo ou errado, considero que a melhor decisão quando estamos insatisfeitos é sair. Você disse ser formado em Marketing, mas sonha com sua pópria escola. Que tal refletir e ver onde será melhor focar a sua energia, o seu conhecimento. Quando fazemos aquilo que queremos e gostamos, conseguimos superar obstáculos com facilidade. Um abraço.

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  6. Tbm estou no mesmo barco que vc.....não aguento mais estes chefes que não sabe administrar, basta saber se formos chefes seremos bons o bastante e não cometeremos os mesmos erros ou até piores...então o que fazer, como ser um bom empresário......

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